terça-feira, 11 de maio de 2010

Nem tudo muda o tempo todo no mundo.


Eu me lembro que quando criança, eu nunca fui de brincar com meninas. Estava sempre com os garotos brincando de bola de gude, polícia e ladrão, esconde-esconde, e todas essas coisas que meninas não fazem. Mas eu aposto que minha infância foi mais divertida do que qualquer outra, porque eu nunca fui a menina que, como se conta na maioria das vezes, os meninos descriminavam. Muito pelo contrário, eu zombava deles os chamando de fracos, de medrosos... E talvez por isso eles até esqueciam que eu era menina, ou até hoje esquecem.
Eu morava em um condomínio, então na maioria das vezes não se tinha tanta preocupação com violência, tornando tudo mais livre, e por minha sorte eu tinha amigas que também não tinham frescura, então na maior parte das vezes entre os meninos, nós quatro éramos as mais valentes.
Ah, aquele condomínio... uma quadra de areia, que era ótima se não chovesse, três balanços usados para apostas de pulo, duas gangorras pra mostrar quem tinha menos medo, um carrossel que quase nunca girava em velocidade baixa, dois escorregos usados para as mais diversas brincadeiras, e duas barras de ferro que já me fizeram inúmeras vezes ficar com o sangue na cabeça, e dedos calejados.
Quando não correndo, de cabeça pra baixo, com dedos calejados, disposta, corajosa, sem frescuras, e rodeada de amigos. Seria uma infância totalmente normal.. se eu fosse um garoto. Mas eu não era, nem sou. Mas não se engane que as garotinhas frescas nunca me enxeram o saco por isso. Sempre ficavam se penteando e nos olhando brincar seja do que for. E quase todas tinham raiva de mim e das minhas amigas, pois éramos tão próximas dos garotos que elas tanto amavam – se assim posso falar, tratando-se de garotas de 8 a 11 anos.
E assim permanecem as coisas, eu não sou mais uma menina que brinca com meninos, mas também não me afastei deles. Eles definitivamente esquecem que sou menina, e confiam até demais suas coisas a mim, talvez porque eu seja uma de raras que não confundem amizade com algo além. E assim permanece o ciúme das garotas... e assim permanecem as coisas.



AK

Um comentário:

  1. Eu nunca fui uma criança que brinca, também nunca fui uma criança que se penteia, acho que nunca fui criança.

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